Desde o
início de minha trajetória como artista, aprendi que era necessário ter coragem
e ousadia para experimentar e desenvolver novas linguagens ou formas de
expressão artística. Aprendi também, que era preciso me adaptar a diferentes
condições de trabalho e dificuldades. Porque algumas vezes, as condições de
trabalho ou do espaço para as apresentações cênicas não serão as melhores. Já
me apresentei em colégios, em garagem, na rua, em festas de aniversário e
casamentos, antes de chegar a um bom teatro ou eventos universitários. Posso
afirmar que independentemente das condições físicas ou materiais dos espaços
nos eventos, o que move os artistas a se arriscarem em terreno movediço é a sua
paixão a arte da representação e o empenho para mostrar seus trabalhos cênicos
depois de prontos.
Quando me apresentei com o trabalho
“Andanzas y Visiones Españolas” na
Faculdade de Letras, adaptei e incorporei a falta de infraestrutura do espaço,
a ausência de iluminação dirigida e um tablado de madeira à dinâmica da minha
proposta de encenação. Sem condições de explorar um trabalho de sapateado mais
percussivo, tentei equilibrar os momentos de dança com uma expressão corporal
mais teatral. Aproveitei o espaço aberto e a proximidade do público
universitário para visualizar e tentar recriar o que seria o espaço dos
artistas de rua.
Ao contrário
do que ocorreu na Faculdade de Letras, a SAPO 98, foi o evento mais
profissional e gratificante que tive a oportunidade de participar com o meu
grupo e convidados. Pela maneira como fomos tratados desde a inscrição no
evento. Os realizadores não só nos trataram como artistas profissionais, como
nos forneceram às condições físicas e de infraestrutura para um espetáculo que
envolvia flamenco e teatro. Foi maravilhoso participar de um evento artístico bem
realizado, com a presença de artistas conceituados e de prestígio do mercado
artístico paulista. Já nos eventos do colégio Heitor Carusi, com Planta y Tacón
e Las Niñas Infantiles, o trabalho cênico enfatizou mais a dança flamenca que a
representação teatral. Uma vez que o espaço aberto e a interação com o público
nos possibilitou investir em um trabalho coreográfico montado em quadros
independentes, que criassem a atmosfera de um tablao espanhol.
Experimentar
e se arriscar para crescer e se aperfeiçoar constantemente é um desafio para
todos. Sobre riscos,descobertas, desafios,experimentação e criação coletiva vou
falar mais adiante em uma postagem intitulada “No palco, em coma”.
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